Seu deck pode ser meta?

13/03/2017 Rodrigo Torres

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      Seguindo nossa semana de artigos com conceitos do Metagame, esse é um artigo que creio que muitas pessoas vão deixar de me fazer algumas perguntas, e porque isso? Por que toda LIVE que fazemos, ainda mais em stream de torneios, inúmeros jogadores me perguntam se tal deck é meta, qual tier ele é, se tem como ganhar um torneio e etc. Nesse artigo tentarei abordar os decks de uma forma geral, mostrando como identificar os pontos cruciais para se o deck que você tem em mente, conseguiria lidar em um cenário competitivo, torneios grandes e de qualidade. Começarei explicar detalhes básicos até a forma de se analisar um cenário competitivo de variadas formas.

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– As camadas do competitivo: Tiers!

      Muitas pessoas se perguntam principalmente quando entram em qualquer jogo competitivo, oque são os TIERS? Tiers vem da palávra em inglés Tier mesmo, que significa Camadas, que nada mais é do que o nível de qualidade do personagem/deck do jogo que você está jogando. Dando um exemplo mais simples não voltado a Yugioh, mas a futebol. Um time como o Real Madrid seria um TIER 1, time de grande escalão, sempre no ápice e disputando grandes torneios e com grandes perspectivas de vitória, aquele que você já imagina que irá ganhar.

      Geralmente em Yugioh os tiers vão mudando com uma grande frequência, já que os formatos podem mudar de variadas formas. “Formatos? Como assim? Lista de banidas e afins?”, não, não ao menos necessariamente. Antigamente dizíamos formatos apenas baseado em banlists, mas hoje como a banlist não tem datas fixas, os formatos geralmente são determinados por grandes lançamentos, geralmente as coleções regulares como Invasão: Vingança e Tempestade Furiosa. Outra forma de analisar são as temporadas, geralmente usadas apenas na temporada de Nacionais, que se estende de Abril a Junho.

      O que faz o deck subir ou descer na lista é bastante óbvio: resultados. Não necessariamente é calculado a quantidade do deck e o seu resultado, apesar de alguns lugares fazerem isso. Um exemplo é analisar em um torneio de 100 pessoas: haviam 40 decks A no torneio e 4 decks B. Para o top 8 passaram 4 decks A e 4 do B. Claramente o deck B foi melhor sucedido já que seus 4 jogadores conseguiram resultado, porém deve se analisar também outros fatores como se os decks A se enfrentaram e se derrubaram no caminho, se o deck A é o mais procurado e mais usado por facilidade ou fama do deck, dentre outras coisas. Por isso esse lado não é tão colocado em cheque para se falar do Tier de um deck.

      Geralmente o Tier 1 são aqueles metas absolutos, e os Tier 2 são decks anti-meta específico ou que usam alguma engine do Tier 1. Existem vários exemplos na história de decks assim, e dizendo sobre o agora, é obvio que o Tier 1 é o Zoodiac. Não é porque um deck é Tier 2 hoje, que ele é ruim, ele pode apenas ter sido lançado em um momento errado! Como no formato do início de 2014, os decks foram os mais fracos da história provavelmente, tanto que nesse formato havia uma chance até de um deck como o Subterror jogar nessa época. E também na época que houveram os famosos Tier S, ou Tier 0. Muitas pessoas dizem que quando você é obrigado a usar algum deck ou arquétipo (Zoodiac por exemplo) o jogo já entra em um deck de Tier 0. Porém a maioria das pessoas que dizem isso não jogaram em épocas de Tele-Undead, Dragon Rulers e Spellbooks, decks que sim na época você era obrigado a usar um desses caso você queria entrar para ganhar no jogo. Agora que já explicamos oque são as Tiers, vamos ao próximo passo.

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– Condição de Vitória e como chegar nela:

      O primeiro passo no deck building é pensar, “quero fazer tal jogadas, e irei ganhar assim!”. De fato as vezes até eu esqueço a segunda parte, afinal algumas jogadas são muito divertidas de acontecer, mas é necessário ganhar, as vezes. Enquanto monta sua estratégia, você deve pensar em como passar por campos poderosos, e ao mesmo tempo como criar campos poderosos. Pós a era Duelist Alliance, em outras palavras, Burning Abyss, os decks começaram a ganhar a característica que eles tanto seriam fortes para bater, quanto fortes para defender, e todos os decks que se tornaram tier 1 nesses anos tinham essas características. Assim que você determinar sua condição de vitória real, você vai construir seu deck para atingir a máxima consistência para chegar nela.

      Consistência é uma palavra chave em deck building, já que sempre foi muito importante e definitiva no jogo. Muitos decks já tiveram combos explosivos e impossíveis de segurar, porém como eles não eram frequentes e muito menos consistentes eles não chegaram em tops. Toda vez que criamos ou mostramos deck/combos por aqui, sempre tentamos focar bastante nessa ideia. Esse é o primeiro e fundamental passo na construção do seu deck para encaminhar a um nível competitivo.
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– E se eu perdi meu campo? Volto para o jogo?

      O segundo passo é algo muito comum de se ver em decks que não conseguem alcançar o Top, mas que conseguem cumprir nosso primeiro requisito. Tenho meu campo super poderoso, ou tenho minha jogadas que destroem seu campo e me faz jogar. Agora é só ganhar? Em outras épocas talvez, mas hoje existem tantas cartas com tantas funções que a coisa não é tão simples assim.

      Hoje o jogo contêm muitas cartas de Mass Removal, aquelas que lidam com muitas cartas ao mesmo tempo, sejam Monstros ou mágicas e armadilhas. Os exemplos mais simples que temos são Raigeki e Harpie Feather Duster, e como de resposta Twin Twister e Torrential Tribute. Justamente essas cartas fazem estrago naqueles campos perfeitos e impenetráveis, e por isso o seu deck também tem que estar pronto para perder o campo atual. Um exemplo de como isso pode ser resolvido são os decks Pendulums, que no caso de você controlar apenas pendulums e tomar um Raigeki, no proximo turno se ainda tiver as escalas poderá pendula-los novamente. Em decks como o Burning Abyss, que o monstro debaixo do Xyz e o Dante farão efeito, provavelmente também haverá uma economia de carta equivalente a que se tinha, ou até maior. A ideia, de uma forma geral, é que seus combos te deem uma economia de carta que se tornam maior que a de seu oponente, e também segure as jogadas que ele faria para realizar os combos dele. Por isso cartas de resposta como Typhoons, Torrential Tributes, Trap Holes e Solemns sempre estiveram presente no cenário competitivo. Os exemplos que temos é o Zoodiac que com 1 única carta, pode criar campos poderosos com Zoodiac Drident, e mesmo com um campo forte, ele no próximo turno pode fazer o mesmo campo com novamente uma única carta.

      Agora com um outro exemplo temos a Fairy Tail – Snow, seja em qualquer deck que use Esse Jardim Parece mais Verde, ela pode ser uma carta em qualquer turno a mais no seu campo, sempre aumentando o volume de jogo, até por que se você perder o campo atual, provavelmente será cartas suficientes a mais para fazer o efeito dela novamente. Hoje no card game existem algumas cartas que servem para lidar com os campos inquebráveis. Os Kaijus, Lava Golems e até o Winged Dragon of Ra – Sphere Mode, são as melhores cartas para lidar com essas situações. Kaijus servem para tirar aquele monstro únicos, incômodo, que atrapalha todas as suas jogadas, e ainda não gasta o seu normal summon. O Lava Golem tem lvl8 podendo ser usado em decks que usam Trade-In, e apesar de comer o normal summon, pode tirar já dois bichos, como um Toadally Awesome e um Dark Law contra o Hero por exemplo. Sphere Mode gasta o Normal, mas alem de tirar 3 bichos do oponente, ele ser um normal summon é algo que agrada muito, já que geralmente você pode tributar Archlord Kristya ou Vanity’s Fiend para invocá-lo, ou encima de uma Vanity’s Emptiness, o que torna ele muito poderoso contra decks que tentam assustar com grandes campos.

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– Quebrando Jogadas! – E se parar meu combo no meio?

      Já que falamos sobre abrir com Zoodiac Drident e Fairy Tail – Snow, falaremos agora de uma coisa que é característica nos decks e essencial para o jogo: cartas que fazem a Quebra de Jogada. O primeiro exemplo que dei foi Torrential Tribute, que quando cumprida sua condição, limpa o campo parando grandes combos do adversário. Em nossas transimissôes, muita gente me perguntava sobre decks e eu sempre batia nessa tecla. O principal exemplo era o Burning Abyss – Farfa, que podia ser enviado pela Beatrice no turno do adversário e remover um monstro, o que muitas vezes para jogadas inteiras apenas por tirar por um turno um monstro chave para combos. Cartas com efeitos assim são muito famosas no jogo como Book of Moon ou Compulsory Evacuation Device, tendo cada um seu momento de melhor uso no jogo.

      A maioria dos decks tem seus pontos de fragilidade, e de acordo com o formato algumas cartas ganham destaque nesse ponto. Hoje os próprios arquétipos tem cartas que realizam essa função: ABC Buster Dragon, BA Farfa, Zoodiac Drident e Kozmo Dark Destroyer são só alguns dos exemplos que vem acontecendo nos últimos dois anos. Um outro exemplo disso é uma outra abordagem que era muito comum no Shaddoll, que era invocar um monstro floodgate no meio de uma jogada, como o oponente ativar uma carta que faz special summon e em resposta ativar uma El Shaddoll Fusion fazendo uma Winda, e já que a Winda está no campo para checar o special summon, o oponente fica travado sem dar outros special summons. Procure olhar em seu deck se é possível fazer essas jogadas e se ele resiste a este tipo de contratempo, pois se você apenas ACHA que não é possível, a chance de não ser possível é de quase 100%.

      Esse padrão de cartas que interagem no turno do oponente torna Yugioh oque ele é, então a Konami deve manter isso para sempre e então será sempre relevante você pensar nesse quesito. Se esses 3 quesitos foram cumpridos, parabéns, seu deck tem uma grande chance de se dar bem em um torneio, agora vamos ao último ponto.

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– MetaCall – Sabendo oque irá enfrentar

      Esate possivelmente é o ponto mais delicado, e tão importante quanto os demais. Você cumpriu todas as etapas e descobriu que seu deck é viável, agora está pronto para analisar o MetaCall. Este é o concento de saber o que você deve enfrentar e em que quantidade no torneio que você pretende jogar.

      Exemplificando, vamos supor que você criou um deck que interaja com cemitério, e faça combos com ele. Então você descobre que onde jogará haverão diversos decks Hero ou baseados em Dark Law. A chance de você conseguir cumprir seus combos é minima, então você pode de duas uma: ou trocar de deck, ou pensar em formas para parar esse Dark Law com suas cartas de main deck. As vezes cartas que aparentemente só serviriam de side são usadas nos main decks devido a grande quantidades do deck a ser enfrentado. Sempre tentando levar para o main cartas mais genéricas como Dark Hole, caso o seu problema seja monstros, ou Twin Twisters caso o problema seja mágicas e armadilhas.

      Saber oque você irá enfrentar definitivamente muda o rumo de um torneio e do seu rendimento, por isso acompanhar Tops e resultados de outros lugares é importante, já que as pessoas podem muito bem copiar e se adaptar com oque tem tudo de diferente.

– Resumindo e Concluindo

Você que leu até aqui, temos os nossos 4 principais itens para o deck building:

1 – Condição de Vitória: Planeje como pretenda ganhar seus jogos, e possíveis planos B e C, pois mesmo que o combo principal não venha, oque você pode fazer com o resto? Seja concreto nos combos e não tente se iludir pensando em combos de 3 ou mais cartas e também de cartas que podem usar apenas uma ou duas cópias.

2 – Voltando para o Jogo: Esteja preparado para tomar varias cartas que vão limpar seu campo, e se possível use cartas que te permita que sobrevive essas situações. Os decks mais antigos eram muito fracos pois não tinham esse poder, e por isso nenhum deck do passado consegue bater com os decks atuais.

3 – Quebrando Jogadas: Pense em campos e jogadas que podem parar seu oponente, nem que seja virando monstros para baixo, os destruindo ou parando algo tipo Special Summons ou cartas de irem para o cemitério. Também esteja ciente de que o seu oponente deve fazer algo assim com você, então seu deck tem que estar preparado para aguentar esse tipo de jogada.

4 – MetaCall: Saber analisar aonde você irá jogar é de suma importância, e pode definir torneios. Um deck bem preparado para oque vai enfrentar e sem surpresas pode tornar os jogos muitos mais fáceis e favoráveis para você.

      Espero que com esse artigo você resolva a dúvida e pense se é possível de X ou Y jogar em determinado formato, sempre pensando nesses 4 tópicos. Diferente formatos podem surgir, mas estes sempre serão tópicos básicos no yugioh competitivo. Espero que o artigo também tenha clareado o porque alguns decks são melhores que outros, o por que de eles conseguirem se destacar em torneios. E o principal, mostrando como é importante a construção de um deck para o cenário competitivo. Espero que isso ajude vocês a terem resultados melhores nos próximos torneios! E até o nosso próximo artigo.

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feito por F E R A