O que é metagame?

09/03/2017 Hugo Fukuda

o que e metagame

       Hoje pessoal vamos não vou falar de nenhum lançamento, nem de nenhum deck profile. Dando continuidade ao vídeo do Victor, a ideia aqui é apresentar o mundo do jogo competitivo para aqueles que ainda não fazem parte dele, tornando mais claro alguns conceitos do jogo. E a primeira parte consiste em explicar exatamente o que é o metagame não somente dentro do Yu-Gi-Oh!, mas nos jogos em geral, e alguns outros conceitos que derivam disso. Então, sem mais delongas, vamos nessa!

O que é o metagame

       Bom, o termo metagame tem origem do termo grego meta, que significa “se referir a você mesmo”, e game de jogo em inglês; logo metagame, ao pé da letra, significa “o jogo sobre o jogo”, ou seja, as estratégias que existem dentro de um jogo que pode influenciar o seu modo pensar enquanto joga.

       Depois de todo esse papo Wikipedia, vamos para um mundo mais real.

       O termo metagame passou a se popularizar principalmente por causa dos trading card games que surgiram nos anos 90, que incluem o Magic: The Gathering e o nosso querido Yu-Gi-Oh!. Dentro desses universos, o metagame funciona para explicar as estratégias populares em determinado momento, já que o próprio jogador decide quais as cartas que ele vai usar em seu deck e sua decisão leva em consideração o momento em que o jogo se encontra.

       Atualmente o termo está presente em praticamente qualquer tipo de jogo que envolva o famoso PvP, Player versus Player.

maxresdefault (1)       Podemos pegar, por exemplo, o League of Legends, popular jogo MOBA, aonde cada time é formado por campeões, cada um com diferentes características e habilidades, controlado por pessoas distintas; quem joga sabe que o fato de dois jogadores usarem o mesmo campeão não significa que ambos jogarão da mesma forma, mas ao mesmo tempo sabem que quando uma pessoa escolhe determinado campeão existe um comportamento de jogo padrão para esse campeão. Nesse caso, o metagame é não somente a formação do time, mas também como os jogadores costumam atuar com determinado personagem do jogo.

       Jogos de luta, como Street Fighter e, de certa forma, o Pokémon dos portáteis, também tem um metagame. E a partir desta categoria de jogo se popularizou outro termo bastante popular nos jogos, inclusive no Yugi, que é o que chamamos de Tier.

       Como todos sabem, em jogos de luta sempre existe aquele personagem que é mais forte que os outros, que na infância de muitos era o chamado de apelão e costumava ser banido das jogatinas entre amigos, seja no fliperama do bar ou no PlayStation de casa. Tier nada mais é do que a classificação de força de um determinado personagem: parte sempre do Tier 1, que é o personagem ou personagens mais forte do jogo, podendo ter uma quantidade de tiers infinitas, dependendo da quantidade de personagens disponíveis, mas sempre acaba surgindo o famoso Tier 0, que é aquele personagem virtualmente invencível, que te obriga a jogar sempre com eles para ter uma chance de vitória.

maxresdefault       Uma boa forma de enxergar o conceito de Tier 0 é em outro jogo popular, apesar de não ser de luta: o bom e agora velho FIFA. Jogar o jogo online em muitas edições do jogo sem ser com o Real Madrid ou o Barcelona se torna uma tarefa bastante difícil, tamanha a diferença de força em relação aos demais times, e isso praticamente te obrigava a jogar com um dos dois times.

       E da mesma forma que tinha os personagens apelões, sempre tinha um determinado personagem que você nunca ganhava se estivesse usando algum outro específico. Nisso nós caímos em mais um termo bastante popular: as matchups. Matchups são as estratégias que você pode enfrentar no meio de um torneio, por exemplo, e elas podem ser boas ou ruins.

1       Você pode montar o seu time de Pokémon cheio de Pokémon de fogo como Charizard, Rapidash e Moltres, mas então você enfrenta seu irmão que começou com o Squirtle e, pimba, você não consegue derrotar o Blastoise dele, nem os outros dois Pokémon de água do time dele; e isso é o que chamamos de uma matchup ruim, aquela que praticamente sempre você irá perder. Em compensação, você pode enfrentar seu primo que começou com o Bulbasaur e, pimba de novo, você nunca teve jogo mais fácil na vida porque metade do time dele era de planta; essa é a matchup favorável, aonde você praticamente sempre irá vencer.

       E antes de entrar no assunto de como funciona o metagame do Yu-Gi-Oh!, e formalmente apresentados o que é metagame, tier e matchup, tem um último termo que acredito ser importante ser apresentado: Rogue. Em inglês, rogue tem diversas traduções, mas a grande maioria associado a palavras como trapaceiro, rebelde, malandro ou desonesto; uma estratégia rogue só existe com um metagame bem desenvolvido e estável, pois muitas vezes ela leva em consideração o que é popular no jogo, as fraquezas e forças do que é popular e quais as matchups ruins dessas estratégias, ou seja, rogue são estratégias que não são populares mas que podem ter uma boa chance de sucesso em determinado metagame de um jogo por razões diversas.

       Entretanto, é importante notar que rogue e anti-meta não são a mesma coisa. Uma estratégia anti-meta sempre leva em conta esses três pontos e é feito justamente para enfrentar essa estratégia, tendo problemas em enfrentar estratégias que não sejam metagame, enquanto que uma estratégia rogue não depende exclusivamente de boas matchups para funcionarem. Resumindo: um anti-meta é um rogue, mas um rogue  não é anti-meta.

       E depois de todo esse lero-lero, se você ainda está comigo, vamos falar das cartinhas que nos interessam!

O metagame no Yu-Gi-Oh!

ycs_logo      Depois de explicar os conceitos individualmente, deve ficar bem mais fácil como cada um deles funciona no nosso jogo. O metagame nada mais é do que os decks que apresentam os melhores resultados em torneios grandes, e consequentemente acabam se tornando os decks mais populares. Entretanto, como cada jogo tem sua particularidade quanto ao metagame, no Yu-Gi-Oh! não é diferente.

       O metagame do jogo é influenciado por três principais fatores: a lista de banidas e limitadas, o calendário de lançamentos e o lugar em que você joga.

CyberDragonInfinity-MP16-EN-ScR-1E       O principal catalisador é, obviamente, a nossa querida lista de banidas e restritas. É justamente a lista que garante que o metagame do jogo seja de fato cíclica, já que diferente de outros card games, aonde o jogo funciona por blocos (em torneios competitivos só são aceitos cartas das coleções mais recentes). No começo de 2016 o deck do momento era o PePe (Performage Performapal), que alcançou um feito, até aquela época, inédito: conquistar 29 lugares no top 32 do YCS Atlanta. E o deck é um dos decks mais versáteis da história do jogo: você tinha ótimas jogadas sendo o primeiro a jogar, como abrir com Cyber Dragon Infinity e Traptrix Rafflesia; sendo segundo era muito fácil dar um OTK usando as engines de Performage, Performapal e Dracoslayer, que enchia o campo de monstros nível 4, muitas vezes sem gastar o Pendulum Summon do turno; das 40 cartas do deck, cerca de 21 delas buscavam umas as outras (3 cópias de Wavering Eyes, Performapal Skullcrobat Joker, Performapal Monkeyboard, Draco Face-Off, Performapal Pendulum Sorcerer, Performage Damage Juggler, Performage Plushfire), ao mesmo tempo que metade delas interagiam entre si gerando ainda mais vantagem. E o que fez com que as pessoas parassem de usar esse deck? A lista de banidas, no caso uma lista ajustada. Com essa mudança outras estratégias conseguiram se tornar populares, como o Monarch, o Kozmo e o Burning Abyss, melhorando o ambiente de jogo.

DDDCursedKingSiegfried-SDPD-EN-SR-1E    Outra coisa que é muito relevante para o nosso metagame é o calendário de lançamentos. Todo card game tende a ter cartas mais fortes a cada nova coleção, e cartas fortes são aquelas que se tornam as mais populares. No Yu-Gi-Oh! isso é ainda mais aparente, pois sem a rotação de blocos de coleções, a quantidade de estratégias fortes é quase infinita, o que faz ser necessário que cada nova coleção seja mais forte que a anterior. Para provar isso não precisamos ir muito longe: o deck de Pendulum Domination, com novos suporte para os D/D/Ds, foi lançado no dia 19 de janeiro de 2017, e os regionais mundo afora passaram a ser dominados pela estratégia; entretanto no dia 9 de fevereiro de 2017, menos de um mês depois, houve o lançamento do Raging Tempest, e de uma hora para outra o deck de D/D/D começou a desaparecer dos tops. E como todos sabem, no segundo semestre do ano esperamos o lançamento da nova mecânica de jogo, os monstros Link,  junto com o novo Starter Deck que irão mudar completamente nosso metagame.

       Agora vocês me perguntam por que diabos o lugar que alguém joga influencia no metagame, porque o Yu-Gi-Oh! é o mesmo jogo seja em São Paulo, Fortaleza, Belém ou Curitiba, certo? Bem, mais ou menos, e vou explicar para vocês.

ChainStrike-CDIP-EN-C-1E       Como vocês já viram, o metagame é composto pelos decks mais populares. Dessa forma, o que é popular na sua cidade não precisa ser necessariamente igual ao que é popular na Europa ou nos Estados Unidos, principais referências para o metagame para a gente. Pode ser que por razão de atraso na chegada da nova coleção, na sua cidade o deck de ABC seja mais popular, ou então por causa de uma única pessoa que joga de Chain Burn na sua loja todos precisem usar um side deck para ele.

       Por isso é muito importante além de você estar sempre atento ao metagame do jogo como um todo, descobrir quais decks são populares na região do torneio que você irá jogar.

Resumo da ópera

   Bom, espero que eu tenha conseguido explicar a todos vocês o conceito de metagame, e as diversas variáveis que influenciam nosso querido card game.

       Uma boa análise do metagame é extremamente importante, pois é ela que vai definir desde o deck que você vai montar até a maneira como você precisa jogar o jogo. Por isso é importante se manter sempre atualizado em relação aos resultados recentes dos torneios; pode ser que ele te ajude a entender melhor como um deck joga, pode ser que ele te dê a ideia para a tech card que você precisava, ou então pode ser que ela te permita montar o anti-meta perfeito!

       E para você que planeja vir jogar o Regional no dia 19 de março, ou o mensal no dia 25, talvez uma boa ideia para ajudar na sua preparação, além de checar os resultados dos últimos dois YCS em Seattle e Atlanta, seja consultar os reports dos últimos semanais feitos pelo Victor. Pode ser que a partir dali você consiga ter uma ideia melhor do que é tendência aqui em São Paulo, talvez tenhamos uma quantidade maior de Infernoids do que você imagina, ou então alguma variante maluca de Zoodiac com Kozmo possa ser uma boa ideia. Quem sabe aonde a sua análise pode te levar?

      E depois de toda essa pesquisa e com a experiência de jogo participando desses torneios, esse pode ser a sua melhor chance de jogar nossos Duelshop Championship, o famoso DSC! A primeira edição do torneio acontecerá dia 9 de abril, e o top 8 se classificará para o DSC FINAL em dezembro! As premiações já estão fechadas, inclusive do torneio final, então fiquem atentos com as postagens do blog e do Facebook para mais informações!

       Por fim, estou sempre a disposição para quem quiser ter esse tipo de conversa; quem me conhece pessoalmente, inclusive, sabe que eu até gosto de discutir sobre o assunto! Então peguem seu caderno de anotações, descubra contra o que você precisa se preparar e venha conquistar a sua vaga para o nacional desse ano e, quem sabe, até ganhar o playmat da temporada!

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