60 is the New 40 – Este Jardim Parece Mais Verde

13/02/2017 Hugo Fukuda

60 is the new 40

      Saudações amigos leitores do blog! Dando continuidade à cobertura aos lançamentos da coleção Raging Tempest, que chega oficialmente hoje nas lojas de todo Brasil, venho falar da carta que deve ser a carta mais esperada depois dos Zoodiacs (Zoodíacos): That Grass Looks Greener (Este Jardim Parece Mais Verde)!

Gente como a gente

that grass

      Uma das coisas que eu mais gosto de fazer quando vejo uma carta não é analisar o seu efeito ou o impacto dela em algum deck, mas sim olhar a sua arte e ver que história ela conta atrás dela. E no caso o do Jardim sua arte foi de longe o que me chamou a atenção primeiro, então por isso vou falar dela antes.

      Nela a gente tem um dos monstros mais icônicos do jogo, apesar de pouca gente saber o nome dele, o Goblin of Greed. E o Goblin é gente como a gente: já teve seus momentos de riqueza, mas depois de uma recessão brava tá aí, ralando, tentando ganhar o pão de cada dia. Sério, dá pra fazer um artigo só contanto a história do Seu Madruga do Yu-Gi-Oh!, que na  That Grass Looks Greener, que chamarei carinhosamente como TGLG daqui pra frente, resolveu trabalhar de jardineiro, trabalho esse que não parece estar dando muito certo… O Snyffus invadiu o terreno (repare que tem uma parte da cerca entortada no fundo) está acabando com toda a grama do jardim, grama essa que é formada por vários Nettles depois de receberem uma dose da Miracle Fertilizer (sim, note as várias latas atrás do Snyffus). Mas calma Goblin, que essa é só uma fase ruim, e que logo menos tudo vai estar melhor pra você!

Goblin of Greed

Eu no começo do mês X Eu no fim do mês

– Mas e o competitivo, como fica?

      O efeito do Jardim é bem simples: se seu deck tiver mais cartas que o do seu oponente você envia cartas do topo do deck para o seu cemitério até os dois terem a mesma quantidade. É fácil perceber que qualquer deck que abuse do uso do cemitério vai gostar de ter uma carta como esta a disposição, mas a gente entra com um problema: como eu faço para meu oponente ter menos cartas que eu no seu deck?

      Uma opção é esperar ele jogar antes de você, pois a maioria dos decks competitivos atuais aceleram o deck com grande facilidade e velocidade; pense na quantidade de cartas que um Burning Abyss pode mandar com múltiplos Dantes em um turno, os vários efeitos de setar uma mágica ou armadilha direto do deck dos Metalfoes ou então as diversas cartas de busca presentes em um deck de ABC-Buster Dragon. Simplesmente por jogar em segundo te faz ter mais cartas no deck, mas nem sempre essa diferença será o suficiente para que você consiga lidar com o campo feito pelo seu oponente.

LeftArmOffering-MIL1-EN-SR-1E      A outra opção é usar mais cartas no deck que seu oponente, mas daí entra um segundo problema. Todo mundo aprendeu que quanto menos cartas eu tiver no deck, mais fácil é eu comprar a carta que eu preciso, e o uso de Upstart Goblin em diversas estratégias é a maior prova disso, e isso gera um dilema: para eu mandar o máximo de cartas possível eu preciso usar o máximo de cartas no deck, mas ao mesmo tempo tenho menos chances de comprar a carta que preciso. Como resolver isso?

      Simples: basta usar mais cópias da carta que você quer comprar. Sim, eu sei que só podemos usar 3 TGLG no deck, mas temos algumas formas de aumentar as chances de compra-la. A mais óbvia é a que muitos de você já conhecem: Left Arm Offering. Ela permite você buscar uma mágica qualquer do deck ao custo de banir toda a sua mão, sendo pelo menos duas cMagicalMallet-RYMP-EN-C-UEartas, e tirando a sua habilidade de setar mágicas e armadilhas no turno. O custo é bastante alto, mas a recompensa é gigante: basta você usar um deck que jogue somente com o cemitério sem depender da sua mão que você está feito! Infernoids são o melhor exemplo de uma estratégia viável, mas não é a única!

      Outra forma de comprar tanto a Left Arm quanto a TGLG é comprar uma nova mão com cartas como Magical Mallet e Reload. Apesar delas serem um -1 em relação a economia de carta, a vantagem que você tira comprando uma das duas é muito superior, ao mesmo tempo em que ajuda a consertar mãos que abrem com cartas que deveriam ficar no deck, como por exemplo Wulf, Lightsworn Beast, múltiplos Zoodiac Ratpier ou então cartas que você não quer perder caso ative uma Left Arm.

      Agora que sabemos como aumentar as chances de comprar a TGLG, nada mais justo do que mostrar algumas opções para vocês!

– Jardim em chamas – Infernoid

Infernoid grass

      O novo deck de Infernoid será a estratégia mais popular a utilizar a TGLG durante este formato. Para aqueles que não estão familiarizados em como o Infernoid funciona, um breve resumo: o archetype é composto por monstros tipo Demônio com níveis entre 1 e 10, e, com exceção do Infernoid Decatron, nenhum deles podem ser invocados normalmente e só podem ser invocados especialmente pelos seus próprios efeitos enquanto você controlar uma soma de ranks e níveis menor que 8 no campo; os monstros de nível 4 ou menor só podem ser invocados especialmente da mão ao banir um outro Infernoid da sua mão ou cemitério, enquanto que os monstros de nível 5 a 8 podem ser invocados especialmente de sua mão ou cemitério banindo outros dois Infernoids da mão ou cemitério, e os Infernoids de nível 9 e 10 podem vir do cemitério ou da sua mão banindo outros três Infernoids.

      Ao ver a condição de invocação padrão do deck, fica muito claro qual é o objetivo da TGLG no deck: enviar o máximo de Infernoids para o cemitério e trazer o máximo deles de volta para o campo e derrotar seu oponente. Mas o que mais me agrada nesse deck e relação as outras estratégias de TGLG que eu observei é a quantidade de “super trunfos” presentes nele. Super trunfos nada mais são do que as cartas dentro de uma determinada estratégia que praticamente garante uma vitória para ela, como o caso da própria TGLG; dentro do Infernoid temos um total de 17 cartas desse tipo: as 3 TGLG, 3 Left Arm Offering, 3 Void Imagination, 3 Void Vanishment, 1 Reasoning, 1 Monster Gate e 3 Void Feast, o mais novo suporte do deck que permite trazer até 3 monstros Infernoids cujo níveis somem exatamente 8 do seu deck para o campo ignorando as condições de invocação; isso significa que, mesmo contendo 60 cartas no seu Main Deck, mais de um quarto dele seja a carta que você precise comprar para ganhar o jogo, ou então fazer aquilo que o deck precisa para jogar.

      Por conta desses fatores, o deck é extremamente agressivo e consistente, sendo um forte candidato a tops mesmo em torneios de maior porte, como um regional ou até mesmo um YCS; inclusive eu acredito que está estratégia seja uma das principais candidatas a quebrar a hegemonia esperada pelo deck de Zoodiac após o recente lançamento de Raging Tempest.

– Jardim sagrado – Lightsworn

LS

      Apesar de não ser a minha primeira opção para se montar um deck com a TGLG, com certeza o Lightsworn foi a primeira estratégia que veio na mente das pessoas ao ler o efeito da mágica. A interação com a TGLG junto com os múltiplos efeitos de enviar cartas para o cemitério dos Lightsworns e a grande quantidade de invocações especiais que o deck dispõe permite criar uma estratégia ainda mais agressiva do que os Infernoids.

      Entre múltiplos Wulf, the Lightsworn Beast, Performage Trick Clown, Performage Hat Tricker, Goblindberg, Tin Goldfish e Fairy Tail – Snow, a chance de você fazer duas ou mais invocações xyz é alta sem o uso da TGLG, mas resolver uma única dessa carta permite ativar o efeito dos Wulfs e dos Trick Clown e faz com que a Snow ative seu efeito sem nenhum esforço. Tanto o Eclipse Wyvern quanto a nova armadilha Lightsworn, a Lightsworn Judgment, permite ao jogador o acesso a mais um super trunfo do deck: Judgment Dragon. Como expliquei antes, um deck com 60 cartas precisa ter muitas cartas que te permita ganhar o jogo, de forma a compensar a inconsistência adicionada pelo grande total de cartas, e com a TGLG fica fácil cumprir a condição de invocação de 4 Lightsworns diferentes no cemitério do Judgment Dragon.

      Entretanto, diferente do Infernoid aonde praticamente qualquer carta que for para o cemitério é bom, o Lightsworn não detém do mesmo luxo. Enviar todas as cópias de Judgment Dragon para o cemitério exige que você utilize cartas como Monster Reincarnation no deck, adicionando um fator sorte no deck que não é muito do meu agrado; Minerva, the Exalted Lightsworn, apesar de não ser essencial, é muito importante para o deck, e seu alto custo e baixa oferta a torna uma opção inviável para muitos que desejem utilizar a estratégia. Mesmo assim, espere encontrar alguns jogadores utilizando essa estratégia de alto risco em seus torneios.

– O jardim de Annabelle – Shaddoll Burning Abyss

Shabyss

      Tanto a estratégia de Shaddoll quanto a de Burning Abyss é extremamente presente desde o seu lançamento em Duelist Alliance, mas talvez nem todos estejam familiarizados com um deck da época que unia os dois archetypes em um único deck: o Shabyss. O deck se aproveitava do efeito da Shaddoll Fusion de enviar monstros do deck para fazer a fusão para ativar não só os efeitos dos próprios Shaddolls, mas também dos Burning Abyss existentes na época; ao mesmo tempo adicionava-se à mistura o grande poder explosivo dos BAs, associado ao Dante, Traveler of the Burning Abyss e a Tour Guide of the Underworld.

      Algumas builds de sucesso da época já utilizavam 60 cartas, de forma a acomodar as duas estratégias dentro de um único deck, entretanto elas passaram a serem menos populares devido à inconsistência inerente na mesma. O Shabyss foi esquecido competitivamente com o banimento da Shaddoll Construct, mas com a TGLG ela pode voltar a ter o sucesso anterior! Uma grande diferença entre o Shabyss do final de 2014 para o atual é o número de Burning Abyss disponíveis: com o recente lançamento de Duelist Alliance tínhamos somente Cir, Graff e Scarm disponíveis, limitando a versatilidade do deck em conseguir lidar com diferentes situações. E ao resolver uma única TGLG é possível ativar o efeito de todos os BAs de uma única vez, algo quem Beatrice ou Dante nenhum seria capaz de fazer.
TGLG também ativa os efeitos dos Shaddolls, o que permite gerar vantagem de economia de carta para você com o efeito do Shaddoll Beast e Hedgehog, ou então recuperar uma das Shaddoll Fusion ou El-Shaddoll Fusion do cemitério com a Shaddoll Core.

      Mas o principal ponto forte desse deck é o fácil acesso a El Shaddoll Winda. Em um formato dominado por múltiplas invocações especiais em um turno para montar o seu campo, limitar seu oponente a somente uma tem um efeito devastador em muitas estratégias; um Zoodiac Ratpier não parece mais tão assustador com a Winda em campo. El-Shaddoll Shekhinaga também pode ser muito forte, tendo em vista que os efeitos de monstro estão se tornando cada vez mais poderosos no formato. Podem tirar a poeira de cima dos seus Shaddolls e Burning Abyss, pois a TGLG pode ser o novo sopro de vida que o deck precisava para voltarem ao cenário competitivo.

– Cemitério travesso – Skull Servant

skull servant

      A estratégia de monstros zumbis como o Mezuki e Uni-zombie em conjunto com a TGLG é algo bastante óbvio; trazer seus monstros de volta para virarem novos sincros sempre foi a principal jogada do deck. Mas a presença cada vez mais onipresente de Dimensional Barrier no formato me fez querer tomar uma abordagem diferente. A estratégia de Skull Servant é bastante popular no cenário casual do jogo, mas pouco visto no cenário competitivo. O deck gira em torno de invocar um King of Skull Servants com o maior poder de ataque possível e acabar com o jogo em um único golpe. E como ele ganha o ataque necessário? Tendo o maior número de Skull Servants possível no cemitério, pois para cada um ele ganha 1000 de ataque. E isso é gigante, pois todos os monstros do archetype tem um efeito em comum: são tratados como Skull Servant enquanto estiverem no cemitério, de forma semelhante a das Harpias.

      O deck acabou de receber um mais novo suporte na forma da Wightprincess, que nada mais é do que um Armageddon Knight para o archetype. Apesar de ser uma ajuda muito bem-vinda, muitas vezes o deck não tem a velocidade e agressividade necessária para enfrentar o metagame de frente. E é aí que entra a TGLG. Enviar uma quantidade massiva de cartas do deck para o cemitério permite que King of Skull Servants ganhe facilmente ataque; enviar essa grande quantidade de cartas não só facilita o acesso ao King por conta do Mezuki, mas muitas vezes permite a invocação de múltiplos Kings em um único turno.

      Apesar do deck ter fácil acesso à monstros do Extra Deck, o efeito da Dimensional Barrier dificilmente irá parar o desenrolar de suas jogadas, e com cartas como Quaking Mirror Force se tornando menos comum no metagame te garante que King of Skull Servants realizará um ataque com sucesso, e dar 8000 de dano parece tarefa simples quando começamos a trabalhar com monstros com 10000 pontos de ataque. Pode não ser a estratégia mais consistente ou explosiva com a TGLG, mas com certeza é uma das mais diferentes e divertidas existente!

– Resumo da ópera

      O que resume o poder dessa carta é algo que o Rodrigo comentou em seu artigo sobre as 5 melhores cartas de Raging TempestThat Grass Looks Greener será uma carta que ainda fará parte das nossa querida lista de banidas e limitadas. Uma carta que te permite gerar tamanha quantidade de vantagem sobre seu oponente com praticamente nenhum esforço é típico de uma carta que pode definir um formato inteiro. Reviver temas como Shaddoll e Skull Servant e reforçar temas como o Infernoid é somente o começo potencial escondido dessa carta, dando margem para que outros decks tenham uma chance de brilhar. Seu efeito genérico também te permite usar em estratégias usando menos cartas no deck, o que diminuiria as inconsistências ao mesmo tempo que também diminuiria seu poder de fogo… ou de grama!

      Eu com certeza vou guardar um trio para mim, tendo em vista as diversas opções de uso dela, e se eu fosse vocês eu faria o mesmo, pois talvez a vitória pode estar apenas a um jardim de distância!

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